quarta-feira, 14 de julho de 2010

POEMA PARA O DIA DOS AVÓS




Octogenária , minha avó,

fraca e velhinha, branquinha

com os tristes desenganos,

orgulha-se dos oitenta anos,

entre carinhos humanos.




Foi muita a sua canseira.

Sua amiga, é a cadeira

onde dormita, onde cochita,

dia e noite, na hora certeira

todo o cansaço da lida.



Os netos são a saída

da melancolia da vida.

Entram de roldão na sala,

ela distrai-se e fala.

Eles gritam, pulam

dançam, gesticulam.


Seus olhos se transfiguram.

Desperta, vai sorrindo,

a qualquer travessura.


A cena evoluindo, perdura

o barulho vai-se ouvindo,

dentre tanta diabrura.


Agora, outra criatura,

a avó esquece sua dor.

Chama os netos queridos,

entre beijos estremecidos.

Num laço de ternura,

enlaça-os com amor

com afecto e candor.
.

Para os acalmar, usa a memória.

e conta-lhes uma história...

e mais outra a recordar.

E cada neto, ó que desdita,

no colo da avó, já dormita,

entre ânsias de sonhar.

As travessuras esquecem
nas carícias embaladas.

As mãos da avó adormecem

sobre as cabecinhas cansadas.
.

Maria do Rosário Guerra










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